segunda-feira, 7 de abril de 2008

Fichamento do capítulo I do livro “A Era dos Impérios: 1875-1914" de Eric Hobsbawm

O texto a ser brevemente apresentado neste fichamento é o primeiro capítulo do terceiro livro da já clássica série de livros de Hobsbawm referentes às por ele chamadas de “eras” do desenvolvimento capitalista no mundo. Uma primeira observação importante a se fazer concerne à tradução do título para a língua portuguesa. O título da edição brasileira “A Era dos Impérios” não é uma tradução exata do título original “The Age of Empire” e pode acabar sendo entendido pelo leitor de forma diferente da desejada pelo autor. Questões lingüísticas à parte, esse capítulo começa com uma tentativa de comparação da situação do mundo (principalmente do mundo já bem integrado no sistema capitalista) em 1880 e em 1780.
Uma das primeiras observações feitas por Hobsbawm é de que o mundo do final do século XIX era muito mais densamente povoado do que o mundo da década de 1780. Isso aconteceu principalmente nas Américas devido a uma forte migração européia. O continente menos afetado por essas mudanças teria sido a África.
Naturalmente, como o autor afirma, o mundo já estava muito mais industrializado e unido do que no fim do século anterior e a produção industrial já era muito maior. Apesar disso, Hobsbawm afirma que a diferença econômica entre o mundo “desenvolvido” e o mundo “atrasado” ainda não era insuperável ou tão drástica quanto o seria algumas décadas mais tarde. Outro fator destacado é a diferença entre a Europa ocidental e desenvolvida e a parte da Europa onde a “maioria dos habitantes vivia visivelmente num século diferente do de seus contemporâneos e governantes”.
Uma afirmação interessante e bastante ousada de Hobsbawm em relação ao século XIX é de que “Nunca houve na história um século mais europeu, nem tornará a haver”. Diferentemente do que se poderia imaginar, seria errado afirmar que o mundo “desenvolvido” da época era essencialmente urbano enquanto o mundo “atrasado” era rural. A maioria dos países europeus ainda empregava a maior parte da sua população no setor agrícola, sendo a Grã-Bretanha a principal e mais notável exceção.
Nesse momento do texto, Hobsbawm tenta fazer uma comparação dos principais aspectos que dividiam o “primeiro mundo” das partes do mundo menos desenvolvidas no capitalismo.
Um aspecto importante da Europa era a existência de Estados soberanos apesar da maioria ser constituída de monarquias. As maior quantidade de repúblicas se encontrava, nesse momento, nas Américas. Interessantemente, duas instituições tomadas pelo autor como instituições que “refletiam a penetração da civilização ‘ocidental’ dominante” eram a ópera e a “universidade essencialmente secular”.
Como característico de Hobsbawm, também é destacado um aspecto essencialmente biológico que é o aumento de estatura da população. Esse aumento teria como sua principal causa a melhora da nutrição das pessoas.
Na segunda parte do capítulo, é analisado o período de depressão vivido no fim do século XIX. A grande crise não era uma alta dos preços e, sim, uma crise que viria a se repetir ao longo dos anos caracterizada por uma superprodução e uma queda drástica dos preços causando, dessa forma, uma também drástica queda nos lucros do capitalista e, também, do pequeno empreendedor. Isso teve como uma de suas principais conseqüências uma grande migração de parte da população européia para as Américas. Isso se explica pelo fato de que a crise atingiu também, obviamente, os trabalhadores rurais de forma fortíssima.

Fichamento da introdução do livro “Tudo que é sólido desmancha no ar: A aventura da modernidade” de Marshall Berman

Desde o início do capítulo, Marshall Berman já introduz algo que vai ser uma das importantes idéias da introdução que é a afirmação de que a modernidade se apresenta como algo essencialmente paradoxal e contraditório.
O autor apresenta, logo a seguir, sua idéia de que a modernidade “vem caminhando através desse turbilhão há cerca de quinhentos anos”* o que mostra que, segundo sua visão, a modernidade é algo vivido até os dias de hoje.
Depois da afirmação de que a “modernidade (...) desenvolveu uma rica história e uma variedade de tradições próprias”, Berman afirma que sua intenção, neste livro, “é explorar e mapear essas tradições, a fim de compreender de que modo elas podem nutrir e enriquecer nossa própria modernidade e como podem empobrecer ou obscurecer o nosso sentido do que seja ou possa ser a modernidade”. Ainda descrevendo as intenções básicas do livro, é afirmado que “Este livro é um estudo sobre a dialética da modernização e do modernismo”.
Para fins didáticos, o autor decide decidir a história da modernidade em três fases: a primeira fase vai do início do século XVI até a Revolução Francesa; a segunda fase se estende desde a Revolução Francesa até o fim do século XIX; a terceira fase engloba acontecimentos e estudos do século XX.
A partir deste momento, o que há é uma curta descrição de alguns dos grandes expoentes da crítica do modernismo ao longo dessas três fases. Evidentemente, são apresentadas críticas positivas e negativas além das críticas que avaliam a modernidade em toda a sua complexidade mostrando aspectos e características positivas, negativas e paradoxais da modernidade. Estas são consideradas por Berman como especialmente importantes.
Na primeira fase da modernidade, o autor analisado é Rousseau. Este é um dos autores que, para Berman, conseguem ter um entendimento profundo das contradições inerentes à modernidade.
Os autores citados da chamada segunda fase do modernismo são Marx e Nietzsche. Ambos os autores fazem uma explanação em que “tudo está impregnado do seu contrário”. Os dois autores também têm em comum a fé em um futuro positivo possível. Para Nietzsche, a idéia de “Übermensch”, apresentada sistematicamente pela primeira vez em seu livro “Also sprach Zarathustra” é central no desenvolvimento desse futuro. Já em Marx, o comunismo apresenta a solução para esses problemas da modernidade.
Todos esses autores são apresentados por Berman como analistas que compreenderam bem as características centrais do modernismo. Já no século XX, a história é outra.Segundo o autor, o que acontece no século XX é uma radicalização e polarização das idéias em relação ao modernismo o que é visto por Berman como algo negativo e empobrecedor. A partir deste momento, Berman descreve alguns dos principais movimentos e autores de crítica ao modernismo.